quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Analu Cunha

João, a cruz e o horizonte, 2008

João, a cruz e o horizonte é um vídeo de observação: a artista contempla a paisagem e o espectador observa os ângulos definidos por ela.
Duas fortalezas se comunicam visualmente através da Baía de Guanabara. Com o objetivo de proteger um território e atentar para quem se aproxima, os fortes militares de São João e Santa Cruz da Barra carregam hoje em seus canhões e prisões apenas a História. Edificadas em pontos estratégicos que permitem perfeita visão panorâmica da entrada da Baía e localizadas, propositalmente, uma em frente à outra, as fortalezas – das cidades do Rio e de Niterói – foram eleitas por Analu Cunha como pontos de observação para apreender a intimidade dessa paisagem.
Uma espreita a outra, na tentativa de reconhecer seu próprio exemplo através do óculo. Na obra contemplamos a paisagem como se a estivéssemos vendo por meio das frestas para entrada de ar e de luz – elemento comum em navios ou habitações antigas –, que também servem para o posicionamento de canhões. Esse olhar espião, traduzido pela posição da câmera à deriva, contrasta com a objetividade da busca por algo.
A carga simbólica dos fortes e a apresentação das imagens escolhidas pela artista fazem do vídeo de Analu uma síntese da relação entre essas duas cidades, que se miram constantemente. Neste trabalho, o contínuo, que surge do encontro dos dois horizontes, se torna o alvo a ser atingido.

Nenhum comentário: