quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Hugo Richard

Relíquias, 2008

Hugo Richard pinta memórias. Coletivas ou individuais, suas lembranças são adquiridas em livros, vivências e na prática da observação. Além de suas telas, o artista registra sua busca por apreender o afeto das coisas, pessoas e lugares em objetos do uso cotidiano, como tacos de piso de madeira ou pratos de cerâmica, suportes nutridos de identidades e relatos.
Em Relíquias Hugo transporta para a louça a história dessa cidade desde sua formação até os dias atuais – este período representado pela presença e pelo olhar do artista. Essa série de pinturas tem como foco o período da França-Antártica, quando toda a região da Guanabara se encontrava sob domínio francês e que (no desenrolar dos fatos) resultou na fundação de algumas cidades localizadas ao redor da Baía.
Reproduzindo mapas, brasões e personagens históricos, Hugo investiga relações próprias desse passado longínquo, como o jogo ambíguo de interesses entre portugueses, franceses e as tribos indígenas Tupi-Guarani e Tamoio.
A união entre a delicadeza da porcelana – pratos obtidos em uma longa peregrinação a antiquários – e a pintura minuciosa do artista faz desse trabalho a imagem fiel da memória, que mesmo sendo nosso único vínculo com o passado se sustenta em sua fragilidade, podendo facilmente quebrar-se e desaparecer.

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