quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Tomas Reyes

Non Stop Niterói, 2008

Doze círculos formando um círculo maior. Fotografias da praia de Itaipu, mais precisamente da primeira visita do artista ao sambaqui de Itaipu – monte de areia e conchas com depósitos orgânicos pré-históricos.
Em julho de 2008, Tomas Reyes retorna, depois de dois anos, para uma curta estadia no Brasil, vindo de um período de muitas viagens entre Colômbia, Estados Unidos e Japão. Países de culturas díspares e fusos horários opostos, que o artista escolheu para sua moradia, trabalho e estudo. No mesmo período de sua passagem pelo Rio de Janeiro, representantes de uma tribo indígena que viviam no bairro de Camboinhas, em Niterói, têm suas ocas queimadas, forçando-os a deixarem o local (bairro de alto poder aquisitivo da Região Oceânica da cidade).
Essas confluências de situações tornam-se a base do trabalho que Tomas apresenta nesta mostra. Remetendo a um relógio de sol, suas fotografias são a metáfora da passagem do tempo e de como este é relativo, inventado e subestimado pelo homem. No mesmo momento em que estamos sobre fósseis milenares em uma manhã de sol, alguém, em outro lugar do mundo, pode estar se preparando para dormir em uma “gaveta-cama toquiana high-tech” ou passeando em uma tarde chuvosa no Central Park, em Nova York. Sem muito esforço, poderíamos encontrar, até mesmo, pessoas tentando buscar reconhecimento, respeito e dignidade como etnia e indivíduos, há mais de 500 anos.
Nonstop Niterói é um baú de referências subjetivas e universais em que o artista sintetiza a noção de passado, presente e futuro e a converte em um único instante, o de nossa percepção.

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